A resistência aos antimicrobianos (AMR) é reconhecida como um dos maiores desafios na saúde global, neste século, e não pode mais ser encarada como apenas um problema hospitalar. Para entender a evolução da AMR é preciso considerar não só os patógenos envolvidos, mas também os hospedeiros (animais e humanos), o ambiente e suas interações, em escalas locais e globais.
Esta revisão da Nature aborda informações sobre a relação animais/humanos/ambiente, trazendo exemplos de epidemias relacionadas a patógenos multirresistentes. Além disso, ilustra os caminhos que levam à transferência de resistência em níveis moleculares (genes, integrons, plasmídeos), assim como a passagem nos ecossistemas e entre populações (migração animal, comércio internacional, eventos climáticos), esclarecendo a importância dos conceitos de One Health e Global Health. Também são feitas proposições de estudos e estratégias que podem ajudar a reduzir o impacto na saúde, englobando medidas individuais, regionais e globais, que incluem abordagens terapêuticas, redução da pressão seletiva de antimicrobianos, redução da transmissão de patógenos (e genes) resistentes e restauração de populações de organismos suscetíveis a antibióticos.
Os autores concluem que a disseminação da AMR causada por nossas ações demonstra um risco definido, e mensurável, que é capaz de influenciar a saúde do planeta e alterar a biosfera. Medidas que melhorem a qualidade de vida de todas as populações, especialmente aquelas em que a AMR é emergente devido à escassez de recursos, têm consequências benéficas para todos.
Fonte:
- Hernando-Amado, S., Coque, T.M., Baquero, F. et al. Defining and combating antibiotic resistance from One Health and Global Health perspectives. Nat Microbiol 4, 1432–1442 (2019). https://doi.org/10.1038/s41564-019-0503-9